quarta-feira, 24 de março de 2010

Usina nuclear poderá ser instalada no Sul do Espírito Santo

O Espírito Santo é um dos Estados que poderão receber uma das duas centrais de usinas nucleares que o governo federal pretende instalar no país até 2030. Neste ano, os técnicos da Eletronuclear iniciam os estudos nos Estados do Sudeste onde uma segunda central poderá ser instalada.

No ano passado, técnicos da estatal definiram 12 lugares, em cinco microrregiões no Nordeste do país, onde estão as melhores localidades para a instalação de uma central nuclear. As informações foram dadas ontem pelo assistente do diretor-presidente da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães, durante o III Fórum Capixaba de Energia, realizado em Vitória pela Agência de Serviços Públicos de Energia do Estado (Aspe).

O executivo explicou que a opção pelo investimento em energia nuclear foi feito a partir do planejamento energético, retomado em 2006. "No final de 2008 foi estruturado o Plano Nacional de Energia até 2030 e que incluiu a energia nuclear como mais uma das fontes de energia necessárias para garantir o crescimento do país", explicou ele.

A partir desse plano, o governo decidiu concluir as obras da usina de Angra III, no litoral do Rio de Janeiro, cujas obras já começaram e que deverá entrar em operação em 2015. Esta usina deverá gerar 1,4 mil MW e tem custo previsto de construção de R$ 8,4 bilhões. As duas usinas em operação, hoje, geram 2 mil MW de energia elétrica.

As duas centrais nucleares a serem construídas, uma na Região Sudeste e outra no Nordeste, poderão ter até seis usinas cada uma, com capacidade de gerar mil MW de energia elétrica cada usina, disse Guimarães.

Segundo ele, os locais a serem escolhidos já levarão em conta a possibilidade de que, no futuro, sejam construídas mais de duas centrais, com capacidade de gerar mil MW cada uma, além das duas planejadas inicialmente.

O assistente da presidência da Eletronuclear defende as usinas de Angra como modelos de geração de energia renovável e limpa para o país. Cada unidade planejada para o Sudeste e Nordeste está orçada em R$ 10 milhões, mas poderá chegar a R$ 14 bilhões, caso se opte por fazer uma usina com capacidade para gerar 1,5 mil MW.

Entenda melhor

Áreas. Inicialmente, as áreas mais indicadas para instalação de usinas nucleares no Espírito Santo, caso o Estado seja escolhido, são municípios localizados no Litoral Sul. Isso porque têm formação geológica mais indicada, ou seja, com formação rochosas que chegam até o mar. Esta é a situação, por exemplo, do município de Piúma e outras cidades, também na região Sul.

Custos. Além disso, pode-se optar também pela instalação de usina próxima aos rios. Tudo depende do projeto da unidade, que pode ser de resfriamento com utilização da água do mar, que tem custo menor de instalação, mas é mais cara a manutenção devido à maresia que corrói os equipamentos. O resfriamento com sistema de vapor da água doce exige a construção de torres de resfriamento, e tem custo mais elevado de construção, mas não de manutenção.

Necessidade. A justificativa do governo federal - Eletronuclear e Ministério de Minas e Energia - para a construção de novas usinas nucleares até 2030 é que o potencial hídrico nacional estaria praticamente esgotado, havendo uma capacidade de hidrelétrica instalada de 190.000 MW.

Custos. Além disso, a capacidade instalada de geração elétrica seria da ordem de 1 kW por habitante. Para um fator de utilização médio de 50%, esta capacidade equivaleria a um consumo de eletricidade de 4.380 kW/hora por habitante, similar ao atual consumo de Portugal. A participação nuclear nessa capacidade instalada de geração seria de 24%, o que equivaleria a um parque de usinas nucleares similar ao existente hoje na França, conforme dados da Eletronuclear.

Limpa. A energia nuclear hoje é vista como uma das opções para geração de energia elétrica limpa e renovável.

Espírito Santo é destaque do setor energético do país
Na solenidade de abertura do III Fórum Capixaba de Energia, realizado ontem em Vitória, a presidente da Agência de Serviços Públicos de energia (Aspe), Maria Paula Martins destacou que o Espírito Santo deixou de ser considerado o "patinho feio" do setor energético no país.

"Hoje, ocupamos uma posição de destaque, com a implantação de novas termelétricas, linhões de energia e estudos de novas fontes energéticas, como a eólica e solar", disse, ao lembrar que há alguns anos os apagões eram constantes e ameaçavam o desenvolvimento do Estado.

A importância do Espírito Santo no setor energético pode ser demonstrado não só no setor de petróleo e gás, como também na implantação das pequenas hidrelétricas e nas nove usinas termelétricas programadas para serem instaladas no Estado.

Alternativas

Todas as possibilidades de investimentos e alternativas para crescimento foram apresentadas e debatidas durante o evento, realizado no hotel Radisson, começando por petróleo e gás. Até o final deste ano, o Estado terá uma produção de 300 mil barris de óleo por dia e 20 milhões de metros cúbicos por dia de gás, conforme dados do secretário de petróleo e gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida.

O que está acontecendo no segmento de energia solar foi apresentado pelo gerente de pesquisa e desenvolvimento da MPX Soluções Integradas, Maurício Moszkowicz. Segundo ele, o Brasil é muito rico em radiação solar e, por isso, as usinas solares já estão se tornando realidade.

Outro tema em pauta foi a utilização de veículos elétricos, pelo diretor-presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), Pietro Erber. Considerado o carro do futuro, ele apontou a redução de custos e a redução na emissão de poluentes como principais vantagens no uso do transporte.

O engenheiro da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), Marcos Correia Lopes, explicou o projeto do ônibus movido a hidrogênio, que já se tornou realidade em São Paulo, a partir de um modelo do veículo inserido na frota municipal. Outros três ônibus deverão ser construídos até o próximo ano.

Gazeta online

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